sábado, 16 de junho de 2012

"Nunca houve dois corações mais abertos, nem gostos mais semelhantes, ou sentimentos mais em sintonia"

Um dos meus estilos favoritos na literatura é o romance de época; talvez por conta do conservadorismo e dos costumes, os sentimentos dos personagens desses livros pareciam mais intensos que os de hoje. O romance se manifestava através de um olhar, de gestos, de uma curta conversa. Esse tipo de livro nos faz perceber o quanto a sociedade e seus valores mudaram, mas que mesmo assim as críticas feitas ao caráter humano naquela época de alguma forma se encaixam nos dias atuais.
Apesar de realmente gostar desse tipo de romance, tudo o que conheço se resume especialmente á Jane Austen. Só cheguei a ler Orgulho e Preconceito, mas sempre que pego um romance procuro as características dela no livro. Jane não se limita à histórias de amor da época; ela também criou personagens de personalidades fortes, e abordou temas mostrando sua opinião em relação à sociedade, misturando sentimento e razão/crítica em suas obras.
Não li todos os livros, mas procuro ver as adaptações para o cinema e para tv. Tenho certeza que algumas ficaram boas o bastante para homenagear o trabalho de Austen (e, bom,  só aumentaram minha vontade de conhecer mais sobre a escritora).

As adaptações mais famosas são:


Orgulho e Preconceito
No romance mais reconhecido da autora, Elizabeth e Jane, filhas mais velhas do Mr. Bennet, veem os esforços da mãe que tenta arranjar bons casamentos para as filhas para que essas encontrem conforto após a morte do pai (como são todas mulheres, se o Mr. Bennet morrer a casa pode passar para o parente homem mais próximo, que seria o Mr. Collins). Com a chegada de novos moradores á Netherfield, Jane acaba se apaixonando por Mr. Bingley, enquanto Elizabeth se vê intrigada com Mr. Darcy, um homem com a aparência arrogante.
E, bom, o resto da história todo mundo conhece né?

1995 - BBC minissérie
Com 6 episódios, conta com os atores Colin Firth (Mr. Darcy) e Jennifer Ehle (Elizabeth). Dizem que é a melhor versão da obra; bom, não posso dizer nada porque ainda não tive oportunidade de ver, mas se tratando de uma produção da BBC dá para entender as notas altas que essa versão recebe.









2005 - Direção de Joe Wright
Meu preferido entre todas as adaptações da Jane que já vi, foi por ele que conheci a autora. É um filme produzido para cinema com Keira Knightley (Elizabeth) e Matthew MacFadyen (Mr. Darcy), além de outros atores que a gente acaba encontrando por aí (Kitty foi o primeiro papel da Carey Mulligan). Possui um final alternativo, mais romântico, para agradar o público americano.







Lost in Austen (2008)


Esse é mais uma ou menos um "sonho-de-todo-fã". Na verdade, é uma minissérie de 4 capítulos da ITV onde Amanda Price encontra uma passagem secreta no seu banheiro que a leva até a casa dos Bennets. Ela acaba ficando presa em Longbourn como uma amiga de Elizabeth, enquanto esta permanece no mundo real. Amanda tem de lidar à sua maneira para que a história do seu livro preferido termine como tem de ser, mesmo que sua presença tenha mudado o rumo dos fatos.










Razão e Sensibilidade

Após a morte de Mr. Dashwood, a propriedade onde sua segunda esposa e as 3 filhas viviam passa para  seu filho do primeiro casamento. Elinor, Marianne, Margaret e Mrs. Dashwood são então deixadas apenas com uma pequena pensão, e se vêm obrigadas a encontrar um outro lugar para morar. Antes de se mudarem, Elinor conhece o cunhado de seu meio-irmão, Edward Ferrars, por quem se apaixona. Mas Fanny (irmã de Edward), a timidez do rapaz e a dificuldade de Elinor de demonstrar seus sentimentos atrapalha a situação, tendo a moça que partir antes que um dê ao outro a certeza de seus sentimentos.
Por outro lado, quando se mudam, Marianne conhece John Willoughby, por quem se apaixona apesar das intenções de Coronel Brandon para com ela. Marianne se deixa levar pelo sentimento, muito mais emotiva que a contida Elinor que sofre em silêncio.



1995 - Direção de Ang Lee
Com Emma Thompson (além de viver Elinor ela também escreveu o roteiro, o que lhe rendeu um Oscar de melhor roteiro adaptado), Kate Winslet (Marianne), Hugh Grant (Edward), Alan Rickman (Coronel Brandon) e Greg Wise (Willoughby), talvez tenha sido a primeira adaptação de Jane reconhecida (além de ter sido seu primeiro romance publicado).





2008 - BBC
Série de 3 episódios, com Hattie Morahan (Elinor), Charity Wakefield (Marianne), Dan Stevens (Edward), David Morrissey (meu amigo de Doctor Who; Coronel Brandon) e Dominic Cooper (Willoughby). P.s.: ainda não vi essa versão.











Mansfield Park
Ainda criança Fanny passa a viver com os parentes ricos em Mansfield Park, e apesar de ter que lidar com um certo tipo de preconceito e a se acostumar com a vida ali, ela faz amizade com seu primo, Edmund, o único com o qual sente que pode contar. Com o passar do tempo ela acaba se tornando uma mulher que chama atenção por sua beleza e também valores, e com a chegada dos novos vizinhos, os irmãos Mary e Henry Crawford, Edmund se vê atraído por Mary e Fanny acaba chamando atenção de Henry.
Porém, é por Edmund que ela sente amor verdadeiro.



1999 - Direção e adaptação de Patricia Rozema
Com Frances O’Connor (Fanny) e Jonny Lee Miller (Edmund).











2007 - BBC
Com Billie Piper (her name was Rose Fanny) e Blake Ritson (Edmund). Algumas pessoas não gostam dessa adaptação. Ainda não vi a primeira para poder comparar, mas de qualquer forma eu gostei. Não sei se é porque eu já conhecia a atriz principal ou se porque eu fiquei animada demais vendo que não prestei atenção nos detalhes; a única coisa que percebi é que a opinião de Fanny me pareceu ter sido tratada de maneira meio que superficial, sem se aprofundar muito. De qualquer forma, achei um bom filme para tv. Depois que eu ler e ver a primeira versão, tirarei melhores conclusões.





Persuasão
Anne Elliot vive com a culpa das decisões que foi persuadida pela viúva Lady Russell a fazer no passado, quando tentou evitar um casamento desfavorável com Frederick Wentworth, apesar de amá-lo. 7 anos depois seu pai precisa alugar sua propriedade para quitar dividas, e Anne descobre que o cunhado do seu ex-noivo, Almirante Croft, passará a viver ali. Ela acaba indo passar um tempo com a família da irmã Mary, os Musgroves, porém lá ela encontra Frederick que acabou fazendo fortuna e aparentemente tem a intenção de se casar com uma das cunhadas de sua irmã Mary.
Anne passa então a ter que lidar com seus sentimentos, enquanto Frederick, ressentido, tenta entender suas atitudes.



2007 - PBS 
Com Sally Hawkins (Anne) e Rupert Penry-Jones (Captain Frederick).
Em "quesito desenvolvimento", talvez esse seja meu preferido depois de Orgulho e Preconceito. Acho que por mais que as semelhanças entre as obras dela sejam grandes, as diferenças também são marcantes. Cada personagem tem uma personalidade diferente, e acredito que Anne é a mais "real" e complexa de todas as heroínas de Austen.










Northanger Abbey
Catherine Morland, apaixonada por romances góticos, tem a oportunidade de visitar Bath com a família Allen. Lá ela conhece Henry Tilney e Isabella Thorpe, e apesar de fazer amizade com Henry e sua irmã, Isabella tenta mantê-la afastada deles e aproximá-la do irmão. Catherine acaba recebendo um convite do Mr. Tilney, pai de Henry, para conhecer Northanger Abbey, lugar de onde já ouviu muitas histórias como aquelas de seus livros. Mas acaba confundindo realidade com ficção e percebe a importância que a sociedade da época dava ao bom casamento, posição social e dinheiro.



2007 - Granada Television /ITV Productions/WGBH
Com Felicity Jones (Catherine), JJ Feild (Henry) e Carey Mulligan (Isabella). Eu jurava que era da BBC haha a adaptação tem um certo tom fantasioso, e no começo a gente até duvida que seja da Jane Austen. Catherine me pareceu de uma certa forma manipulada pelas outras pessoas (em alguns momentos eu perguntava "what's going on girl? what's your fucking problem?") mas quem me conquistou mesmo foi o JJ como Henry Tilney. Ele tem aquele ar charmoso que no começo você não sabe se é o tipo de "homem-problema" dos livros da Austen, mas depois você percebe que ele é assim mesmo, bom demais para ser verdade (acho que falei demais rs).






Emma
Depois de ajudar um bom casamento a ser realizado, Emma decide que a partir daquele momento ela dedicaria seus esforços para ajudar sua amiga a se casar. Porém seus prós á um casamento favorável são maiores que ao casamento realizado por sentimento. (Me perdoem, faz um tempinho que vi esse filme e isso é o máximo que consigo me lembrar)

1996 - Direção e adaptação de Douglas McGrath
Com Gwyneth Paltrow (Emma) e Jeremy Northam (Mr. Knightley).
Eu sinceramente não gostei, só assisti mesmo pela Gwyneth e pela Jane. De todos os enredos, esse é o que menos te prende e a Emma é a personagem menos interessante (para mim). Mr. Knightley disse que ela lidava com as pessoas como se fossem peças de xadrex, o que concordo, mas o 'lado bom' é que ela é a mais próxima (entre as personagens centrais) da maioria das mulheres da época.






2009 - BBC
Com Romola Garai (Emma) e Jonny Lee Miller (Mr. Knightley)
Olha o Jonny aí de novo... ainda não vi essa adaptação também. Mas dizem que vale a pena pelo cenário e produção em geral.















Sobre Jane:
 - Amor e Inocência (2007)
Jane tem uma ideia sobre casamento bem diferente das outras pessoas. Sua mãe teme que ela passe o resto da vida sozinha sem ter como se sustentar e deseja que Jane se case, porém a jovem quer simplesmente focar nos livros que quer escrever. Jane acaba conhecendo Thomas Lefroy, um homem de má reputação e aparentemente arrogante, mas que acaba lhe atraindo.
Apesar de ser baseado na vida de Jane (a maior parte é ficção, e não se sabe se a relação entre Jane e Lefroy realmente aconteceu), o filme tem um tom digno de seus romances. Dá para perceber características de seus futuros personagens aí, além de mostrar bem a personalidade de Austen tão diferente das mulheres de sua época.
Com Anne Hathaway (Jane) e James McAvoy (Lefroy).





 - Miss Austen Regrets (2008)
E aí vem mais um dos meus preferidos...
Baseado nas cartas para Cassandra e Fanny, Jane já está nos seus quase 40 anos e diz que apesar da vergonha de permanecer solteira ainda assim está contente desse jeito. Ela recebe cartas de sua sobrinha Fanny que pede para que conheça Mr. Plumptre, por quem está apaixonada e com quem pretende se casar, procurando a aprovação da tia como decisão final.
Jane vivia em Hampshire com a irmã Cassandra e a mãe, na propriedade que seu irmão corria o risco de perder. Além disso, ela encontra dificuldade em relação à publicação de seus livros, e sente o peso de duas decisões onde poderia ter se casado e ter proporcionado uma vida melhor para sua família ao invés de ter escolhido permanecer sozinha se recusando a casar sem sentimento.
Com Olivia Williams (Jane), Greta Scacchi (Cassandra) e Imogen Poots (Fanny). Ah, e my pretty little boy Tom Hiddleston (Mr. Plumptre).
Acho que não existe melhor filme para quem quer conhecer sobre Jane Austen, mesmo que não tenha mostrado os momentos das decisões que ela fez no passado. Foca na sua relação com sua mãe, seu irmãos, sua sobrinha e a influência que ela já tinha na época. Miss Austen Regrets é uma homenagem digna à autora, nos faz nos aproximar dela ainda mais e a conhecer não somente sobre sua vida, mas também sobre seus sentimentos.


"Mas que barulho fazemos sobre quem devemos escolher... e o amor ainda morre e o dinheiro ainda desaparece. E toda mulher (solteirona, casada, viúva) toda mulher tem arrependimentos. Então lemos sobre suas heroínas e nos sentimos jovens novamente, e apaixonadas e cheias de esperança, como se pudéssemos escolher outra vez."






Jane Austen nasceu  em 16 de dezembro de 1775 em Steventon no condado de Hampshire, Inglaterra, e era a segunda de 8 irmãos. Faleceu em 18 de julho de 1817 aparentemente de  mal de Addison, sem nunca ter se casado . É considerada uma das melhores escritoras de todos os tempos por uns e odiada por outros, mas é inegável sua extrema importância na literatura inglesa e sua influência no feminismo.

(Fonte)

Essa não vai ser a única postagem sobre Jane por aqui. E ficou meio vago, confesso, mas achei que seria uma boa maneira de começar o blog. Não sou tão boa escrevendo sobre ela (sobre qualquer coisa, na verdade), mas com o passar do tempo vou me aprofundando mais e prometo trazer minha opinião e mais conteúdo sobre suas obras.


5 comentários:

  1. Concordo plenamente com a Jardins, cara, isso ficou esplendido. Dá mais vontade ainda de ver as adaptações e ler os livros *-*

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  2. ai que orgulho da minha chica *-* ... muito caliente Fran!

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  3. (vocês acharam bom mesmo? estou no caminho certo? rs)
    obrigada chicas *-*

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  4. "cara, ficou isso muito bom" haushaus
    Viu? até perco o sentido das palavras rs

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