quarta-feira, 20 de junho de 2012

Por Zárquon!

Imagine:
Você acorda sem esperar muito do seu dia, acreditando que ele será incrivelmente sem graça, como sempre. Mas depois de alguns minutos você sente que tem alguma coisa de errado... algo que não consegue lembrar, com vagas formas amarelas passando como lembretes pela sua cabeça. E então você percebe que essas "formas amarelas" são máquinas mandadas pela prefeitura para demolir sua casa com o intuito de criar uma via expressa. Seu dia aparentemente normal se torna então um inferno, e você coloca todos os seus esforços para impedir que a demolição seja feita.
Até que o seu amigo um pouco estranho aparece nervoso e te diz que a Terra vai acabar em menos de 10 minutos.
E você pensa: "hoje deve ser quinta. Eu nunca entendi qual é a das quintas." 

Sua vida nunca mais será a mesma. Agora você é uma das duas únicas pessoas  sobreviventes de um "planetinha verde-azulado absolutamente insignificante, cujas formas de vida, descendentes de primatas, são tão extraordinariamente primitivas que ainda acham que relógios digitais são uma grande ideia".

Essa é a história de Arthur Dent, que com Ford Prefect (seu amigo que na verdade é um Betelgeuseano que veio à Terra fazer pesquisas para o Guia do Mochileiro das Galáxias e e ficou preso no planeta por 15 anos) pega uma carona em uma nave Vogon e escapa do fim do planeta Terra. Após serem expulsos pela patrulha Vogon, os dois acabam sendo capturados pelo Gerador de Improbabilidade Infinita da nave Coração de Ouro, onde encontram Zaphod Beeblebrox (com duas cabeças mas sempre charmoso), Trillian (a segunda última humana sobrevivente) e Marvin o Androide Paranóide (pessimista e depressivo, com PHG - personalidade humana genuína - e um cérebro do tamanho de um planeta), com quem vão passar juntos pelas aventuras mais loucas de suas vidas.
Não é de se admirar ver Arthur tão confuso o tempo todo.
Assim como também não é de se admirar ver Zaphod transbordando empolgação (sou só eu que imagino ele assim?).

Mas atenção, existem duas coisas de extrema importância para qualquer pessoa que queira se aventurar em viagens interestelares:
 - uma toalha;
 - e O Guia do Mochileiro das Galáxias, que contem na capa em letras garrafais e amigáveis a frase "não entre em pânico".








Tudo começou como um programa de rádio transmitido pela BBC em 1978 antes que as ideias mirabolantes de Adams passassem para o papel, teatro e serie de tv, entre outros. O Guia do Mochileiro das Galáxias também virou filme, em 2005, com Martin Freeman (Arthur), Zooey Deschanel (Trillian), Sam Rockwell (Zaphod), Mos Def (Ford) e Alan Rickman (voz do Marvin). O sexto volume da coleção foi lançado após a morte de Douglas, escrito por Eoin Colfer (autor de Artemis Fowl).

Os livros têm histórias distintas entre si e tão malucas que só lendo mesmo para entender. O autor mistura as aventuras de seus personagens com críticas e humor ácido e irônico sobre a humanidade e seus "costumes" (algumas difíceis de se perceber no começo, mas uma leitura mais atenciosa os coloca à tona), criando uma das sagas mais geniais que já existiu. A série Doctor Who atual (já já falo sobre ela), por exemplo, teve influências do Guia do Mochileiro das Galáxias, e até teve alguns episódios das series clássicas escritos por Douglas. O episódio 7 da 3° temporada se chama "42" em referência à questão fundamental sobre "A Vida, o Universo e Tudo Mais". Outros exemplos são os títulos Paranoid Android, música do Radiohead, que se refere ao personagem Marvin, o Andróide Paranóide devido ao tom depressivo da música; e da música do Coldplay, também com o título "42".

Os fãs até ganharam o Dia da Toalha, celebrado na mesma data do Dia do Orgulho Nerd. Na verdade a data do primeiro surgiu duas semanas após a morte de Douglas Adams em 2001, como uma forma de homenagem, enquanto o segundo representa toda a cultura geek (me corrijam se eu estiver errada), além de ter sido a data de lançamento do filme Star Wars Episódio IV: Uma Nova Esperança nos cinemas em 1977.

Bom, esse é o pouco que conheço sobre os livros e o autor. Mas desse pouco que conheço, recomendo: pegue sua toalha, se jogue pela Galáxia e reflita. Você vai se identificar com algumas questões colocadas no enredo (mesmo que ocultas) e no final você vai querer simplesmente sair por aí, explorando o Universo e tentando entendê-lo (mesmo que esse "universo" seja o nosso próprio planetinha verde-azulado e tudo o que se passa pela acomodada e estranha mente dos humanos).




“A história do Guia do Mochileiro das Galáxias é feita de idealismo, lutas, desespero, paixão, sucesso, fracasso e pausas para almoço absurdamente longas.”

3 comentários:

  1. Cara, adorei esse post. Eu preciso ler esses livros. A Jardins me falou sobre ele, e agora com esse post ele parece mais incrível ainda ^^

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  2. Eu também nunca entendi qual é a das quintas...

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